sábado, 13 de julho de 2024

A FILOSOFIA

 


Não basta conquistar a sabedoria,

é preciso saber usá-la.

(Cícero)

 

A FILOSOFIA

 

    Na minha compreensão, é a faculdade utilizada pelo entendimento humano, para a defesa de teses distintas, consideradas pelos seus defensores, como únicas, credíveis e não rebatíveis. Deste modo, presumindo-as no limiar da razão absoluta. É capacidade de, como seres pensantes, podermos reflectir e questionar sobre a nossa existência, com recurso ao uso da “única” liberdade que nos resta; o pensamento.

Por isso, ainda que considere a minha sabedoria muito aquém da realidade do entendimento, apeteceu-me, através desta singela composição vocabular, “filosofar” sobre o assunto tão vasto, sublime e atraente, onde as questões e as reticências não param de fluir, que é a filosofia.

Porém, a pureza da sabedoria nesta matéria, obedece a um movimento sinusoidal de tal magnitude, que nos permite não só, distorcer e destronar a razão da própria razão, bem assim como arrancar-lhe o seu poleiro absolutista, transformando-a noutra razão, porém, de contornos diferentes, por razões que própria razão desconhece.

Quero com isto dizer, que a razão, com toda a realidade que contempla, não deixa de existir; o que varia é o conjunto de coordenadas intelectivas, que conduzem à sua existência. Essas orientações, eu titulo de atributos da lógica. E é pelos carris por ela formados, que a nossa intelecção viaja pelo infindável universo do conhecimento.  

Sempre me capacitei de que na ausência da artéria filosófica no entendimento, ninguém se entende. Isto porque, a filosofia, quando manuseada por especialistas na essência, pode sustentar uma simbiose na compreensão, onde que gregos e troianos possam viver em pacífica comunhão; em pacífica comunhão.

Tenho p’ra mim que, entre a razão no entendimento e a razão absoluta, - ainda que, distintas, comem na mesma távola redonda do nosso intelecto.  É nesse espaço circular da transcendência que são alimentadas; embora com comidas diferentes, contudo semelhantes no seu paladar. Isto porque a razão jamais deixa de existir, esteja ela de que lado estiver. É o princípio que medeia entre a sensibilidade humana e o universo que a ultrapassa, e se situa fora da nossa compreensão.

Por muitas voltas que lhe queiramos dar e artifícios consigamos entrelaçar, nunca os fundamentos finais desaguam no oceano do absoluto; assentam sempre no domínio da dubiedade.

Apesar das conclusões a que possamos chegar, a realidade será sempre envolvida pela autocracia da incerteza. Esta, sim! Tenho a certeza de é a ocorrência dominante para todas as questões que possamos colocar.

No entanto, não discordo de que a prestabilidade das deduções filosóficas, são de grande utilidade à nossa vivência. Isto é, quando são bem aplicadas, elas incitam-nos à meditação e ao raciocínio, que considero os dois pilares que suportam a estabilidade da nossa emoção, bem assim como garantem uma ajuda para iluminar a nossa compreensão e aprimorar o nosso comportamento no mundo em que vivemos.

A amplitude do conhecimento não tem fronteiras. Por muito que saibamos, há sempre mais para descobrir e questionar.

Assim, sem discordar da imortal frase “só sei que nada sei”, do filósofo grego Sócrates, igualmente não duvido, que, para atingir esta radiante conclusão, é necessário saber alguma coisa para chegar ao desfecho de…  saber, que nada se sabe.

Paradoxal, não é?!

É filosofia.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 13 de Julho de 2024

 

www.antoniofsilva.blogspot.com

 

Nota:

Não faço uso do AO90.     

 


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