Jovens, apesar
de tanta tecnologia, o mundo não
começou a semana
passada; ouçam os mais velhos.
(Valdir Venturi)
Podem é não
seguir o que eles expõem;
Dilema e opção
vossos.
(A.Figueiredo)
“SENILIDADE”
GRISALHA
Quando as trevas da incompreensão descem
ao espírito ainda imaturo dos mais novos, a parvoíce vem à tona do seu pensar e
declara-se com todo o seu “esplendor”, em composições vocabulares que explodem escórias
de metralha vindas da existência de uma revolta interior – que ninguém tem
culpa -, onde são manifestamente expostas, a falta dos calos desenhados pela
dureza de uma vida, coligadas a uma insolência acentuada pela incompreensão, por vezes decorrente do
próprio reconhecimento de um fracasso destruidor do interior da sua mente; a
partir daqui declaram-se as faltas de educação e de condescendência, restando
apenas nacos de ferocidade nas palavras, que, não derrotando, ferem a serenidade
dos mais velhos levando-os a uma revolta interior cujas tréguas não são de
fácil reposição.
Muitos novos pensam que os Googles, os faces e as wikipédias
lhes ensinam tudo; não deixa de haver nisto uma parte de verdade, porém o RESPEITO E A COMPREENSÃO foram
aprendidos e digeridas pelos “cotas” (título dado muitos novos aos velhos), sem
acesso a essas tecnologias onde esse considerando vem mascarado de muitas
formas menos de cunho da respeitabilidade. É revoltante!
Olhe, “o que vale, é que eu já nem passo
crédito ao que diz”; “tem atitudes que parecem de uma criança”; e para
complementar a agressividade encoberta, “quando fala estraga a minha paz” – que
se calhar nunca teve; “este ‘stá mesmo xéxé”! “os velhos têm a mania que sabem tudo” etc.
Muitos, mas muitos novatos, esquecem-se
de que tudo o que actualmente possuem, foi concebido pelos velhos de hoje,
inclusivamente a sua existência.
Compreende-se que os velhos também
erram, como tal também é compreensível que por vezes não sigamos tudo o que
eles possam argumentar, porém, pessoalmente estou convencido de que a sua margem
de erro é menor; só por esta diferença, devem ser merecedores de apreço e
entendimento.
A velhice não deve ser venerada por ser
velhice, mas pelo manancial de experiências que ela encerra e que certamente a
molestou e criou dificuldades a quem teve a sorte de lá ter chegado, sendo que
hoje poderão servir de lições de vida a muitos novos, padecentes de contratempos
que no dia-a-dia se lhes deparam e que por falta da calosidade da experiência,
são incapazes de resolver. Um parecer vetusto deve andar sempre por perto;
poderá não resolver, mas ajuda. É isto que muitos não valorizam e reagem com agressividade às repetições de ideias que já não podem ouvir. Mas não, não são
que verdadeiramente as palavras que entristecem os velhos, porém o seu modo e o
tom como são pronunciadas.
Pois é… no amanhã, que chega depressa,
ainda que hoje não tenham essa noção, vão por certo ter o retorno das mesmas palavras,
dos mesmos gestos e das mesmas atitudes, germinadas a partir das sementes
vocabulares que com algum cinismo estampado na face, lançaram à terra pútrida e
sedenta de falta de educação e de estima.
Se tiverem o privilégio de chegarem a
velhos, o tempo encarregar-se-á de efectuar a integral devolução do produto da
sementeira feita… mais juros de mora.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 07/05/2017
www.antoniofsilva.blogspot.com
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